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Ato de improviso

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A peça que segue foi totalmente improvisada e escrita após ter sido encenada. Aliás, de encenação não houve nada. Trata-se apenas de corações seduzidos pelo instinto e freados pelo receio do desconhecido. Assim, a cortina abre e o público faz silêncio. No palco…

Ato de Improviso

Noite de lua cheia. As silhuetas de duas figuras pousam sobre a pequena e comprida mureta do clássico bairro carioca.

Enquanto o vento sopra as pequenas marolas na baía, um distante barco quebra o silêncio com sua trilha sonora. Suas luzes coloridas acompanham o ritmo e dançam na superfície. Ainda assim, nada disso interfere nos pensamentos de dois corpos, que nas sombras das árvores, se refugiam dos postes. Para estes dois, aquele cenário é um singelo palco.

De um lado, a platéia, manifestada na constelação de prédios e vidas da orla do Rio de Janeiro. De outro, dois atores realizando um espetáculo espontâneo. Embora o roteiro seja de conhecimento de ambos, o final não está previsto e muito menos como determinadas ações devem ser executadas. Num ato livre, sem grande planejamento ou pormenores, o climax se consome. Um virado para rua, outro para o mar e lábios de encontro. Rótulos sociais distintos que, naquele momento, perdem função e dão margem apenas para um acalmar de anseios.

Antes inquietos, agora realizados. A despedida do “frio na barriga” cede lugar para um novo hóspede: aquela sensação de coração aconchegado. Naquele momento a noite respira. O estalar das folhas, o distorcer das luzes, o soprar do vento…

São componentes de um cenário que nunca teria vida, se não fosse… Pelo beijo.


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